O maior clássico do mundo do futebol viveu neste dia 7 de setembro de 2016 mais um capítulo aqui na fronteira. O que nos profissionais desperta paixão aqui onde todos são vizinhos e aguardavam ansiosos o grande dia, os sentimentos talvez sejam mais aguçados e intensos, pois como somos todos irmãos de fronteira, o dia a dia não passa em branco em caso de uma vitória, ou quem sabe, mais uma derrota. Foi com esse sentimento que o selecionado argentino cruzou a linha imaginária que divide os dois países e veio com a faca nos dentes para o belíssimo Estádio Municipal Eloy Alves dos Anjos, com o intuito talvez de “vingar” o último confronto que aconteceu em 25 de maio, dia da pátria deles onde o selecionado brasileiro foi até a Argentina e fez o troféu de campeão desfilar pelas ruas do Brasil em carro aberto.
Agustín – como joga bem e bonito, Barata, Mono, Federico, Izaías, Gonzalo jogaram com garra junto com o selecionado argentino. O time alviceleste veio com Agustín e Barata bem abertos, como falsos ponta de lança e assim surpreenderam a equipe brasileira fazendo Chita e Volmar se limitarem a praticamente a só a marcar na primeira etapa. Acuado o Brasil apenas se defendia era um time que não fazia nem sombra para as atuações que teve na copa AESUPAR.
Mas o futebol prega peças, em uma dessas em um ataque sem pretensões, Izaias cabeceia contra, surpreende o goleiro argentino e assim o Brasil abre o placar. Mas isso não abala os argentinos que continuam a mandar no jogo e logo em seguida com uma linda jogada de Barata pelo lado esquerdo deixa Agustín na cara do gol, o camisa 10 argentino faz a finta em Fabião e estufa as redes e sai para o abraço. O gol fazia um pouco de justiça ao jogo e não demorou muito em outra jogada fenomenal pelo lado esquerdo Barata passou por três brasileiros e deixou Agustín sozinho em baixo das traves para virar a partida e deixar a seleção Argentina com a mão na taça, o sabor de vingança brilhava nos olhos dos irmão do país vizinho.
Assim terminou o primeiro tempo, aula de futebol recebemos neste lado da fronteira. Mas... mas, aí que vem a fábula do futebol fronteiriço, o mago do selecionado brasileiro entrou em ação, Ilmar Antônio Auth esbravejava, ali mesmo dentro das quatro linhas conversou com seus atletas no intervalo, nem os deixou irem para o vestiário, suportaram o frio intenso já naquele momento e puderam ver a expressão no rosto de cada torcedor que aparecia não acreditar que aquela nossa equipe estivesse jogando tão mal em uma data tão especial. A bronca surtiu efeito, mudou o jogo, o espírito foi outro, sem contar com o talento de Vaguinho e Felipe Campos que entraram na partida já no intervalo.
O Brasil voltou a ser Brasil, organizado, apoiando em blocos, indo ao ataque em sete, oito jogadores, e se defendendo com oito, nove jogadores a todo o tempo, não tínhamos mais ligações diretas da defesa ao ataque. O time jogava como tinha que jogar um Brasil e Argentina, mas o gol insistia em não sair. Aos 30 minutos Ilmar Antonio Auth tentou seu último cartucho, sacou o volante Urutú e colocou o atacante Paraguaio, nome inusitado para jogar o grande clássico da fronteira, mas ele mesmo o Paraguaio aos 33 minutos em uma jogada que pagou o ingresso, Zangão lançou em profundidade da intermediária, Vaguinho fez o corta luz que desmontou o sistema defensivo argentino e Chita aparece livre na esquerda, avançou, passou pelo goleiro e só cruzou... (Faz!, Faz!... Paraguaio!). Foi o legítimo mamão com açúcar, e assim Paraguaio, que de paraguaio não tem nada deu números finais ao tempo regulamentar.
No último suspiro argentino, Tita zagueiro do time brasileiro que é meio argentino e meio brasileiro, inclusive já defendeu a camisa argentina em outros clássicos, foi expulso a 10 minutos do fim do jogo, e veio pressão Argentina. Mas quem tem Zangão, tem uma zaga segura, o capitão brasileiro fez partida monstruosa, comandou sua equipe a garantiu o empate, em tempo. Zangão foi eleito pela Equipe Vibrante do Esporte da Radio entre Rios com o melhor jogador em campo e recebeu o Trofeu BrioLimp/DoisToques/RádioEntre Rios.
E assim foi, igual a 25 de maio a decisão foi decidida nos pênaltis e mais uma vez os comandados de Ilmar Antônio Auth não hesitaram, e foram convertendo suas cobranças com maestria, sem falar do goleiro brasileiro Alemão que foi bem em todas as bolas e já na segunda cobrança, defendeu a cobrança de Federico que bateu firme no canto, mas Alemão como um gato saltou e espalmou a deusa branca. Quando Felipe Campos foi para cobrança a quarta da equipe brasileira, tinha em seus pés a tranquilidade de decidir o clássico, e assim foi, bola num canto e goleiro no outro, e assim foi: Brasil campeão! Simples Assim.
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*Por Nelson Pagno Moreira.
Nelson Pagno Moreira é empresário no ramo de controle de vetores e pragas urbanas na cidade de Cascavel e Repórter esportivo na Radio Entre Rios de Santo Antônio do Sudoeste.
Fotografias de Valdecir Viecelli