Desde o tempo mais remoto se fala da “Praga de Gafanhotos”, sendo até relatada na Bíblia e com seu maior destaque em sua passagem pelo Egito antigo. Mas pouco sabemos sobre a origem e como se formam essas grandes nuvens de gafanhotos.
Além de devastador, as nuvens de gafanhotos migratórios nos chamam a atenção pela sua agregação maciça e em alguma espécies uma grande capacidade de deslocamento.
O gafanhoto peregrino Schistocerca teve sua migração monitorada no ano de 1988. Nuvens partindo das costas da Mauritânia atravessaram o oceano atlântico e em seis dias chegaram ao continente americano.
No Brasil temos o chamado gafanhoto do Mato Grosso: Rhammatocerus schistocercoides que já foi localizado na Amazônia, Rondônia, Colômbia, Bolívia, Peru, México, Costa Rica, Uruguai. A área brasileira de ocorrência deste gafanhoto é a zona da Chapada dos Parecis, com regiões cobertas de savanas herbáceas (campo) e de savanas arborizadas (campo cerrado e cerrado). Trata-se de uma espécie de tamanho grande com a coloração variável de verde a marrom, ou ambas. Durante o seu desenvolvimento (forma jovem) ocorrem de 8 a 9 estágios. O gafanhoto Rhammatocerus schistocercoides possui apenas uma geração por ano, as ninfas desenvolvem-se lentamente na estação das chuvas e chegando a fase adulta se reproduzem no começo da estação chuvosa seguinte.
O comportamento gregário chama muito a atenção, onde encontramos bandos de ninfas (formas jovens) que ocupam áreas de algumas centenas a milhares de metros quadrados. O tamanho do enxame em vôo deve ser muito maior. Encontramos também cerca de 250 adultos/m2. Alguns fatores são importantes sobre o desenvolvimento das populações de ninfas jovens, como as queimada e o regime de chuvas.
Como agentes de controle biológico na cadeia alimentar temos as formigas e os pássaros. Pesquisas tem sido realizadas com fungos entomopatogênicos para o controle de gafanhotos.
Os enxames de Rhammatocerus schistocercoides voam em baixa altitude (1 a 5 metros acima do solo) com uma densidade do enxame pousado em 250 a 500 adultos/m2 e em vôo não ultrapassando a 3 insetos/m3. São considerados de fraca capacidade migratória pelo baixa capacidade de vôo e deslocamento diário (50m para ninfas de 5º estágio).
Os gafanhotos são importantes para a alimentação dos índios Nhambiquaras e Baiquiris. Uma vez coletados estes gafanhotos, participam quase de todas as refeições diárias, torrados ou sob a forma de farinha.
A dimensão da estratégia para o controle dessas nuvens de gafanhotos, principalmente os migratórios, só é percebida quando vemos os números de sua mobilização: Na África na década de 80 foram tratados milhões de hectares de lavouras, envolvendo centenas de postos de rádio, milhares de pessoas e veículos, dezenas de aviões e helicópteros para vigilância e pulverizações, dezenas de milhares de pulverizadores e milhares de toneladas de inseticidas. Todo este arsenal utilizado em uma única invasão em um determinado período do ano.